quarta-feira, 22 de abril de 2009

Criar filho na Bahia até se formar pode custar até R$400 mil

Mariana Rios | Redação CORREIO

As exigências podem parecer pequenas no começo: leite materno, fraldas e a atenção deu uma mãe insone. Nesse período, o gasto médio deumfilhoaté os4anos,em Salvador, não passa de R$500 por mês. Mas, à medida que crescem, aumenta o apetite dos pimpolhos sobre as contas bancárias dos pais. Estima-se que, em média, R$400 mil sejam investidos pelos soteropolitanos na criação de um filho,do nascimento até a faculdade, por volta dos 23 anos. No entanto, em famílias de classe média alta, o sustento do herdeiro pode ultrapassar a casa de R$1 milhão.

Porém o custo é 30% menor quando comparado a cidades como São Paulo e Brasília - considerados os locais mais caros para se criar filhos. Os números são do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), que investigou os hábitos de 320 famílias ao longo de 2008.“Salvador se enquadra em um grupo de capitais de médio porte, como Curitiba e Porto Alegre, apresentando uma excelente relação custo-benefício”, explicou o coordenador da pesquisa, Adriano Amui.

Previdente

Para a pequena Nina, de 2 anos e meio, a servidora pública Lilian Filgueiras, 34 anos, investe quatro vezes amédiamensal.Afamília calcula que, por mês, reunindo custos com mercado, roupas, viagens e brinquedos, são gastos até R$2 mil. Pensando no futuro da garota, os pais contrataramumplano de previdência privada. “Desde que ela nasceu, estamos colocandoR$ 100 por mês. A ideia é de que o dinheiro financie o intercâmbio”, revela. A preocupação com educação faz sentido.O impacto na ocupação e na renda são confirmados pelos números: o salário médio dos universitários é 544% superior ao dos analfabetos, e a taxa de ocupação 422% maior.

Com o filho Rodrigo, de 14 anos, estudandonoColégioda Polícia Militar, no Lobato - público e bem colocado no Índice de Desenvolvimento da EducaçãoBásica (Ideb) -,a recepcionista Nete Anselmo da Silva, 39 anos, livrou-se de um dos itens que mais pesam no orçamento familiar - a educação consome 45% dos custos para a formação dos filhos. Mas a assalariada paga o reforço escolar do filho e antes investiu em uma escola particular no ensino fundamental.

Para a faixa etária deRodrigo, o gasto médio mensal, segundo a pesquisa, ficaemtorno de R$1.408. “Não temos como investir este valor. Este ano foi pesado o custo com material escolar, que dividimosemquatroparcelasde R$42. Seria mais alto, mas xerocamos um livro”, conta Nete, que já procura um estágio para o garoto.

O avô é uma peça importante no orçamento da família. “Como não temos plano de saúde, foi ele quem pagou a consulta com um oftalmologista e os óculos de Rodrigo”, declarou.

Educação é o gasto mais elevado

Na composição dos gastos, o item educação aparece como aquele que abocanha a maior parte do orçamento familiar. “Na região Nordeste, a maior preocupação é com despesas na educação básica e menor investimento em educação de nível superior”, destacou o administrador Adriano Amui, do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent). O principal motivo é uma concentração relativamente maior de despesas em lazer e saúde.

Cidades como São Paulo e Brasília apresentam uma composição de proporções mais elevada especialmente em educação de nível superior. Professor da FGV e consultor de finanças, Ricardo Araújo destaca que vale apostar em atividades prazerosas, que criem boas relações. “Jogar tênis no melhor clube da cidade é uma estratégia de integração. Quem tem recurso deve proporcionar essa convivência aos filhos”, afirma Araújo, que investe R$7 mil por mês na educação dos três filhos no Rio de Janeiro, onde mora.

(Notícia publicada na edição impressa de 19/04/2009 do CORREIO)

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